É urgente embrenhar-se no Mundo, antes que o mundo se faça tarde.

É urgente pôr a caminho estes pés peregrinos, respirar o céu e embriagar-se de tanto azul cá dentro.

É urgente esta vontade de correr o Mundo de lés a lés, de espalhar o corpo p´los cantos da terra, de derramar a alma bem perto das estrelas, escalar montanhas e adormecer com a lua tecendo carícias no meu sono.

É urgente que os segredos da Terra façam eco nos nossos gestos, que os gestos se multipliquem em mil viagens fecundas.

É urgente que o peito se encha de tempo e o tempo fertilize flores nas nossas mãos.

É urgente que as mãos mergulhem no calor húmido das entranhas da Mãe-Terra e dela façam brotar milagres multicolores.

É urgente sentir o pulsar do ponto no peito da pedra que desliza no leito do Rio rumo ao infinito.

É urgente saborear segredos de remotos jardins onde as palavras se escondem e só o silêncio sussurra, suspendendo sementes no sossego do céu da boca.

É urgente que da boca brotem beijos da alma muitos lampejos e do corpo apaziguados desejos.

É urgente sentir no ventre esta vontade de despertar, desabrochar, acordar pró mundo, antes que o mundo se faça tarde.