07 novembro 2016

TEMPO VEGETAL OU LUZ MATINAL ENQUANTO O INVERNO NÃO CHEGA

A chuva vai deixando pequenas pérolas espalhadas no jardim, suspensas na brisa, nas tardes curtas, sorrateiras, emaranhadas, delicadas que nem palavras à espera da noite.


  Pérolas presas na teia do pensamento antes de ser palavra


Escorrem lentas, secas, acabadas, outonais, as sílabas da estação que se adivinha.
Recolhem-se e encolhem-se as palavras onde o inverno se aninha.


Enquanto não chegam os dias sem luz, as noites sem forma
o jardim disfruta da tranparência dos instantes em que fugaz e obliqua
 a mão morna da manhã acaricia os contornos do tempo vegetal.


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