Instalou-se em frente ao vidro da porta que dá para o exterior.
Via-a nascer, curiosa, com o mistério guardado naquele botão quase, quase a desabrochar...
Ao longo das estações acompanho as metamorfoses da luz atravessando o que resta das flores
revelando pequenos cristais que se iluminam e cintilam nas manhãs de sol com luz oblíqua.
Faz-me companhia, obriga-me a levantar-me da cadeira do computador, agarrar na NiKon e deitar-me no chão, olhá-la de várias perspetivas.Click, click. A planta mais fotografada do meu jardim.
Desfolha-se descarada, devagar, uma pétala por dia, dependendo da brisa e fica ali suspensa deixando cair a pele velha. Temo pelo seu desaparecimento. Mas não, continua atravessando ventos e tempestades, estações quentes e frias.
Faz-me companhia esta princesa de cor indefinida entre o rosa e o lilás. E não tem nome?
claro que tem, chama-se salva, qual delas não sei, são tantas, um dia destes vou perguntar-lhe ficar para ouvir a resposta. Oficinallis não é, elegans também não, hispanica ainda menos, a scalrea também é muito fotogénica mas as suas pétalas não tombam assim ....Também pouco me importa, sei que as folhas são cheirosas e que um dia destes irei fazer com elas uma infusão.
Gosto de a fotografar e tenho a certeza de que ela também gosta de ser fotografada, contemplada, ajeitada e acarinhada.Se ela soubesse como fica linda nas fotos. Um dia conto-lhe.
Já me disse o seu nome e já me deu a provar o doce néctar das suas flores.Salvia involucrata
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