20 julho 2015

PALAVRAS QUE EMBALAM E PESAM NA PÁLPEBRA


Fazer, em cada noite, da palavra silêncio, vento, nuvem, mar, serra. árvore, flor e pedra a nossa canção de embalar.
 

                                                  sonharemos poemas e acordaremos feitos

TERRA, ÁGUA,  BRISA, RAIZ e INFINITO





 Sono coloquial
Da velhice
Sempre invejei
o adormecer
no meio da conversa.

Esse descer de pálpebra
não é nemidade nem cansaço.

Fazer da palavra um embalo
é o mais puro e apurado
 senso da poesia.
- Mia Couto, em "Idades cidades divindades". Lisboa: Editorial Caminho, 2007.

18 julho 2015

VERÃO COM SABOR A OUTONO

Um nevoeiro denso desceu da Serra
entrou sorrateiro no jardim
preencheu espaços entre árvores e arbustos,
pousou nos ramos
estendeu um manto de orvalho para dentro da noite.
tornou-se chuva e silêncio acariciando a manhã.
No ar um perfume a terra molhada.
Sossego, paz e chilrear distante
O sol tímido pede licença.
em gestos mornos roça nas folhas
apagando a madrugada.









17 julho 2015

NUVENS RESSUSCITADAS

E eis que após um longo período de hibernação, (pelos vistos as nuvens também hibernam, foram 4 anos e um mês de viajem/ausência),  voltaram com a firme intenção de passar e pousar, ir deixando rastos e rasgos e palavras soltas na brisa dos dias mais ou menos turbulentos, mais ou menos encantados, mais ou menos determinados, mais ou menos emaranhados, mas DIAS, DIAS COM vida, com sol, com luz e com muitas nuvens também, NUVENS QUE PASSAM.
Bem-vindos às novas nuvens.

Claro, com fotos dando corpo às palavras, como se as palavras precisassem de corpo.

Palavras e gestos à procura de caminhos
encontros de  histórias que se cruzam
na impermanência dos dias
no mistério das estradas.
o gesto
suspenso
balança no tempo frágil das emoções.

As nuvens passam
o gesto fica, solto nas mãos expectantes.
O olhar divaga.
o coração reage em
pétalas que se desfolham
acariciando a nudez dos pés dançantes.

Caminhos que se cruzam devagar na languidez dos dias quentes.