18 janeiro 2021

Os caminhos da seiva

 


Encontramo-nos quase sempre à mesma hora

soprando palavras ao vento

no ventre da tarde

eu, roubando a sua nudez quase sem pedir licença 

agradecendo a luz e as nuvens

os contornos luminosos desenhados no céu

elas, sonolentas e prenhes de seiva

à espera de caminhos, 

à espera de ramos e de folhas, 

à espera de ninhos

eu, à espera de dias mornos e longos

indiscreta e deslumbrada

ilumino as noites em tons laranja

sento-me no escuro à escuta de nocturnos cânticos

no silêncio das árvores as aves falam e cantam

encantam a lua que cresce para lá do horizonte

desafiando as ondas

convidando as águas

salgadas e cheias

rasgando as entranhas do mundo 

 

rasgando as nossas entranhas com palavras, canções e avisos.



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