Encontramo-nos quase sempre à mesma hora
soprando palavras ao vento
no ventre da tarde
eu, roubando a sua nudez quase sem pedir licença
agradecendo a luz e as nuvens
os contornos luminosos desenhados no céu
elas, sonolentas e prenhes de seiva
à espera de caminhos,
à espera de ramos e de folhas,
à espera de ninhos
eu, à espera de dias mornos e longos
indiscreta e deslumbrada
ilumino as noites em tons laranja
sento-me no escuro à escuta de nocturnos cânticos
no silêncio das árvores as aves falam e cantam
encantam a lua que cresce para lá do horizonte
desafiando as ondas
convidando as águas
salgadas e cheias
rasgando as entranhas do mundo
rasgando as nossas entranhas com palavras, canções e avisos.
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